4° LUGAR – CONTO – PROSA INTERNACIONAL – VIII Concurso Literário "Cidade de Ouro Branco"

  Seu jeitinho


Zeka Kyambote
Luanda/Angola



Era inverno, véspera de natal. Na zona mais fria de portugal, um lugar conhecido como Penhas Douradas, com temperatura rondando os 7,1ºC negativos de viagem, estava uma família composta por três membros, senhor Pedro, dona Florinda e Maia a a filha do casal. Provenientes do Brasila família Rochedo decidiu sair de férias, ficaram hospedados no Burel Montain Hotels hotel situado no parque natural da Serra da Estrela, o quarto onde ficaram tinha vista para as montanhas.Penhas Douradas é um lugar situado no concelho de Manteigas. Possuí cerca de 1.300 metros de altitude com uma linda vista sobre o vale glaciar do rio Zêzere. E neste ano o hotel estava super lotado.

Maia de Freitas Rochedo, – Chamou dona Florinda a mãe de maia que não conseguiu despertar a filha do transe. Maia olhava atentamente para um ponto espcífico daquele lugar – filha vem colocar o casaco que está muito frio lá fora – do interior do quarto insistiu gritando a mãe, Maia estava na varanda do quarto do hotel olhando na direção do lago branco pelo gelo que fazia sumir a água.

O que você esta espreitando pequena abelhinha? – perguntou o pai para Maia depois de ver ela super concentrada e com os olhos arregalados.

Você não vê? Você não consegue ver Papai? Ali, Ali... – Gritava a pequena Maia ao perceber que a pequena gazela dava pulos por entre o plantio rasteiro que dasaparecia aos pouco debaixo da neve.

Sim filha, agora eu consigo ver – disse o pai – é uma linda gazelinha.

Que decepção – Maia reclamou cruzando os braços e assoprando com os lábios – achei que fosse uma Rena e o pai Natal morasse aqui perto.

Sinto muito filha mas é apenas uma gazelinha – falou senhor pedro e abraçou a filha consolando-a pelo visivel desapontamento. Mas se soltou do abraço do pai e olhou para ele.

Pai, sera que a pequena Millow tem um pai e uma mãe como eu? – perguntou Maia, o pai ficou confuso com a pergunta mas logo percebeu que Maia estava se referindo a Gazelinha.

Há, você até já deu um nome nela – senhor Pedro sorriu com prazer – sim querida, a gazelinha, qual é mesmo o seu nome? – ele tentava lembrar o nome que a filha dera ao animalzinho.

Millow Pai, seu nome é Millow – Maia falou em meio a gargalhadas porque seu pai não parava de dizer nomes errados, ela achou mesmo muita graça.

Obrigada filhinha, Millow tem sim um pai e uma mãe que o amam muito, assim como eu e mamãe amamos você. Agora vem comigo que a mamãe está chamando você – senhor Pedro fez cocegas em Maia e levantou ela colocando-a entre seus braços a carregou para dentro do quarto.

Filha, – chamou dona Florinda – olha para o seu nariz, está todo vermelho. Você pode pegar um resfriado e ficar doente – falava dona Florinda enquanto avaliava a temperatura da filha, pegou em roupas mais espeças e confortáveis e colocou na filha – agora você vai paracama, amanhã temos muitos lugares para visitar – colocou a filha na única cama que havia no quarto onde dormiam os três, colocou um cobertor pesado nela. Estava muito frio e as notiícias sobre a previsão do tempo eram que a noite podia ficar mais frio ainda.

Mamãe, você me conta uma história? – sorrindo Maia pediu a mãe que retirou da comoda ao lado da cama um livro de histórias infantís para dormir.

Lá vai – disse dona Florinda depois de depositar um beijo na testa da menina e abrir o livro na página 20 – era uma vez – começou a história e Maia recolheu se para debaixo da coberta deixando apenas a cabeça de fora e ficou bastante atenta a narrativa da mãe – uma linda abelhinha princesa de uma grande colmeia. Era bastante atraente a abelhinha que a vaidade lhe deixava arrogante, foi escolhida para rainha depois que sua mãe já velhinha

dasapareceu. Então a vaidosa abelhinha agora rainha da colmeia, decidiu começar seu reinado impondo novas leis.

1º todas abelhas operárias deviam abrir muitos salões de beleza para que todas as abelhas do reino fossem lindas como a rainha.

2º todas as abelhas coletoras não mais ir atrás de polén mas encontrar novas substancias para produção de cosméticos.

3º as abelhas guerreiras nãodeveriam mais defender o reino e sim seguir o mundo da moda dos humanos para aprenderem tudo que pudessem e tornassem o reino tão glamorouso.

E foi isso que se fez por toda colmeia, então, os concelheiros do reino foram até a rainha para alertartá-la dos riscos que as novas mudanças trariam no reino – dona Florinda fez uma pausa para ver se a filha acompanhava a leitura.

Continua mamãe, por favor não pare – disse Maia, em seguida dona Florinda sorriu e voltou a atenção para o livro.

Disseram os concelheiros para rainha vaidosa: Rainha, com as novas mudanças a colmeia pode perecer. Podemos ficar sem estoque de alimentos, porque as colectoras pararam suas actividades normais, podemos ficar sem espaço para as novas gerações porque as construtoras já não constroem ou podemos sofrer ataques constantes de Vespas porque porque as protetoras não nos protegem mais. Podemos morrer rainha, concluiu um velhinho ancião. Como ousas, disse a rainha. Questionar e palnejar arruinar o plano perfeito que eu criei. Por ventura você acha que vou deixar meu povo morrer de fome, ou acha que a moda não é a nossa salvação? Botem eles na prisão, disse a rainha furiosa. Então passou mais um tempo e veio a fome na colmeia, muitas abelhinhas abandonaram ela para refugiar-se noutras colmeias ou ainda começar uma nova, a seguir a colmeia ficou super lotada e as abelhas começaram a brigar uma com as outras, então, vieram as vespas e atacaram a colmeia desprotegida. – dona Florinda via que a filha não dormia ainda então, revirou a página do livro, já devia ter lido umas 5 cinco páginas a esta altura.

Wau! – exclamou Maia – a rainha abelha está em grandes sarilhos – sorriu.

É, ela ficou em apuros – disse a mãe – com o reino debilitado e quase extinto a rainha lembrou-se dos concelheiros na prisão e mandou chama-los. Então meus senhores, conseguiram prever o futuro de nossa colmeia e tudo sucedeu do jeito que vocês falaram, disse a rainha ainda orgulhosa com vergonha de admitir seus erros. Parecem ser muito sabido, como meus concelheiros peço

vos ensinem-me o caminho para sairmos desta perdição, por favor. Finalmente a rainha rendeu-se e decidiu mudar tudo. Então os concelheiros disseram que ela devia colocar todos nos seus respectivos lugares, as colectores nas colheitas, as produtoras na produção de mel, as construtoras na construção e as protecoras na guarda do reino. E fez a rainha segundo tudo quanto os concelheiros lhe disseram e o reino voltou a tert paz e segurança.

Que linda história, obrigada mamãe – falou Maia e abraçou sua mãe – mamãe, qual é a moral desta história? – a pequena perguntou pegando a mãe de surpresa, ela não tinha nada pronto como lição sobre aquele assunto.

Então, vejamos. Hum... – pensava a mãe de Maia – ok, a moral da história é que devemos reispeitar o jeitinhos dos outros. Cada pessoa tem seu jeito de ser ou demontrar sentimentos e isso nos torna únicos, colocando cada um no seu devido lugar porque é o jeito certo de ser – quase que por um milagre dona Florinda consegue rapidamente encontar uma lição para passar a sua filha – lembra-te sempre de reispeitar o jeitinho dos outros – concluiu dona florinda que olhava para filha que parecia estar totalmente satisfeita com a história que a mãe contou e a lição que ensinou. Maia aninhou-se debaixo da coberta e confortou-se fechando os olhos e dormindo facilmente. Dona Florinda andou pelo quarto para certificar-se que tudo estava em ordem, trancou a porta de vidro que dava para a varanda de onde entrava ar frio relembrando a noite fria que ia chegando. Então, ela saiu do quarto e foi para sala. Um lugar espaçoso onde havia sofa e uma enorme Tv, senhor Pedro estava sentado vendo os noticíarios na Tv.

Ela já dormiu? – perguntou o senhor Pedro sem tirar os olhos da Tv. Com 39 anos, senhor Pedro um Jornalista de rádio tinha um bigode incrivelmente atraente, era Alto e negro.

Sim, ela já está dormindo – respondeu dona Florinda, deixando seu corpo no sofá, a mulher branca nascida no interior de Minas Gerais no Brasil, estava incrivelmente cansada depois do dia pessímo que tivera devido as constantes reuniões por chamada com os sócios de sua Start-up de meios informáticos.

Você parece muito cansada, deixa eu fazer uma massagem em você – falou senhor Pedro indo em direção a dona Florinda.

Não vamos fingir que está tudo bem querido, já te dei os papéis de divórcio e espero que você assine logo – disse dona Florinda Afastando-se de seu marido. O casamento deles era turbulento e cheio de descutições constantes, então, dona Florinda deu entrada ao processo de divórcio para eles se separassem logo.

Pense na nossa filha, você já não me ama – suplicante perguntou senhor Pedro.

Claro que eu te amo, e sim, estou pensando na nossa filha. Ela não pode crescer ver os país brigando, e você sabe que não poderemos nos esconder dela para sempre – triste dona florinda retirou os papéis de divórcio de uma pasta de documento vermelha que estava sobre a mesa.

Você está certa – disse senhor Pedro assinando o papél do divórcio – mas eu não vou ficar longe de minha filha, amanhã mesmo volto com ela para o brazil – terminou de assinar e entregou os papéis para ex-esposa.

Eu vou precisar ficar aqui para dar continuidade das negóciações com a empresa portuguesa – dona Florinda estava visivelmente abatida mas lutava para parecer forte.

É sempre deste jeito, o teu trabalho vem antes de todo mundo. Nunca tens tempo para mim nem para nossa filha, por isso brigamos sempre – Agora senhor Pedro gritava com dona Florinda, ao perceber que ela não respondia as

suas acusações ele foi para o quarto e se colocou na cama perto de maia, aninhou-se debaixo do lençol e ficou aí até que adormeceu. Frustrada, Dona Florinda decidiu dormir mesmo no sofá, pranteou por toda noite e rezou para que a virgem ssantíssima ajuda-se ela a salvar seu casamento. Pela manhã, senhor Pedro arrumou suas malas e as coisas de maia e voltaram para o Brasil deixando para trás dona Florinda que mesmo triste continuou as negóciações. Conseguiu um contrato e teve que ficar em portugar por muito mais tempo.

8 meses depois:

Só críticas e fazes observaçõesé... –era o Senhor Pedro, um homem alto e bonito, mas nesta manhã seu rosto estava trancado. Era a terceira vez que brigava com sua esposa dona Florinda, respirou fundo ao olhar para baixo onde sua filha Maia puxava sua camisa xadrez para chamar sua atenção, parou e olhou sorrindo para filha.

Papai pode ser o jeitinhoque mamãe achou para dizer que não está bem, nem sempre podemos expressar com palavras o que o coração senti – Disse Maia sorrindo deixando seu pai espantado e branco de surpresa por sua filha de apenas 5 anos dizer aquelas palavras, foi trazido de volta a realidade por dona Florinda sua esposa que insistia em dizer repetidamente Aló, Aló, você está aí Pedro?

Amor, eu peço desculpa por nunca ter entendido seu jeitinho que tanto une quanto separa nossos corações – falou sorrindo olhando para Maia sua pequenota que continuava sorrindo enquanto olhava o pai conversar ao telefone com a mãe –

Mas fazer o que se é ele que adoro! –senhor Pedro continuou falando, mudando completamente o estado da conversa que antes se ouvia apenas gritos e berros dos dois lados da linha, agora era apenas ele falando e dona Florinda sorrindo.

Quando trancaseu rosto e une seus lábios,é seu jeitinho de dizerte Amo, mas você está errado. Eu devia entender e aceitar esse seu jeitinho desde muito cedo, soudefinitivamente um tolo ao cubo – senhor Pedro sorriu

desencadeando soluços queacompanhavam as lagrimas que caiam dos olhos de dona Florinda.

Quando olho pra ti, eu corovocê revira os olhos e cruza os braçosseu jeitinho de dizer, Não te quero aqui,mas ainda preciso de ti – disse dona Florinda enxugando as lágrimas entrava na trama que se desenrolava declarando que também devia entender o jeitinhode seu marido – você me deixa com um sorrisinhono rosto, é sempre Curto e objetivo, vai sempre direito ao ponto. Conheçoseu jeitinho de me amar sem tanto demonstrar, É ele que te torna único,Sempre na defensiva e muito introspectivogostaria de conhecer seus segredosSegredos que protegem nossa família – Continuou dona florinda, chorando de alegria agradecia a Virgem Santíssima por ter ouvido sua oração e ensinar a eles uma linguagem que podesse lhes unir e não separar.

Não é a mim que deves agradecer – falou senhor Pedro – é a esta abelhinha com palavras de mel que devemos agradecer.

Quem, Maia? – incrédula, dona Florinda não se permitia crer que a filhinha dissera taís palavras ao pai e com isto salvou seu casamento.

Podes acreditar querida, maia me lembrou que tens maneiras de se espressar que eu já devia perceber e conhecer – disse o senhor Pedro sorrindo e fazendo festas na cabeça da menina.

Você podia passar para ela? – perguntou dona Florinda.

Claro, filha é a sua mãe – senhor pedro entregou o telefone fixo que ficava na sala de estar de sua casa á sua filha que recebeu e conduziu-o até junto de sua cabecinha.

Aló mamãe – Maia falou sorrindo.

Oi querida, tudo bem? – dona Florinda esperou que sua filhinha respondesse a sua pergunta e depois continuou – fico feliz por saber que você esta bem – dona Florinda deu uma pausa para respirar – Obrigado filha – falou sorrindo.

Não precisa agradecer aliás, foi a senhora que me ensinou a entender e respeitar o jeitinho dos outros – concluiu sorrindo.

Ai sim! Eu ensinei para você, quando? – sentada dona Florinda tentava lembrar do momento em que ensinou tão belíssima lição a filha mas não lhe ocorria nada sobre o assunto.

Como a senhora não se lembra mamãe? Foi em portugal, quando lia uma história para mim dormir no inverno passado – disse Maia e dona Florinda teve um flexe de memória na hora lembrando-se do momento em que lia aquela bonita história para filha dormir duas semanas antes do natal.

Agora lembro de tudo filha (só não entendo como é que ela consegue se lembrar disto, ela tem apenas 5 anos e já é tão inteligente.) – pensou dona Florinda – filha, você pode entregar o telefone para seu pai, por favor – desta vez sem lagrimas no rosto e sem nenhum motivo para as derramar novamente dona Florinda pensava vagamente no que fazer depois disso pois já tinham acinado o divórcio e estavam descutindo apenas sobre a guarda da menina.

Mamãe, a senhora vai voltar? – com a voz triste e chorosa Maia perguntou antes de entregar o telefone para seu pai.

Claro que sim querida, a mamãe vai voltar logo e estar com você e papai e desta vez é para sempre. Eu prometo – disse dona Florinda para sua filha que mudou o semblante para um mais alegre, despediu-se de sua mãe e entregou o telefone para seu pai que o conduziu para junto dos ouvidos.

Querida, precisamos resolver isto de uma vez por todas – determinado, senhor Pedro falou depois de ajeitar seu óculos de leitura.

E o que podemos fazer se já estamos legalmente divorciados? – perguntou aflita dona Florinda.

Você ainda me ama? – perguntou senhor Pedro surprendendo Florinda com a pergunta.

Como podes perguntar-me isto, claro que eu te amo – respondeu ela, ao que senhor Pedro sorriu.

Então vem para casa outra vez e vemos o que fazer, podemos nos casar novamente – sorrindo eloquentemente tentava acreditar nas suas ideias, bastante entusiasmado alegrava-se mais por ver cada vez mais perto seu casamento salvo.

Vou agora mesmo fazer as malas, comprar uma passagem de avião e voar o mais rápido até vocês. Esperem por mim, eu amo vocês – terminada a ligação, dona Florinda correu para prepar tudo para sua viagem de volta a casa.

Mamãe já vem a caminho, e nós vamos prepar tudo para receber ela da melhor maneira possível – em companhia de sua filha Maia, senhor Pedro andava de um lado para outro, movendo objectos e varrendo o chão. O casamento que estava fadado ao fracasso foi salvo por uma menina com uma símples lição « aceita e respeita o jeito dos outros ».

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