2° LUGAR – POESIA INTERNACIONAL – VIII Concurso Literário "Cidade de Ouro Branco"

  Wassanti


Rosália Novunga
Maputo/Moçambique

Sob o céu vasto de Moçambique, num abril radiante,

Ergue-se a mulher com coragem incessante.

Desde tempos ancestrais, em terras de fértil chão,

Ela tece a história com suas mãos de algodão.


Vendedora de verduras,

 Acordando pelas madrugadas,

E volta somente às noites, 

Sem descanso,

Alimentando-se de pão com Badjia e água.


Essa é a sua rotina mãe,

 Tão pouco consegues

Comprar um biscoito pra si, no seu aniversário.


Celebramos a sua vida, guerreira,

Que mesmo com a comida escassa, 

Servias-nos primeiro, 

E dizias com um sorriso:

"comam, eu estou bem, eu bebo água"


Louvamos a ti, mulher, 

Que largaste a escola, para ir à machamba 

Em busca de mandioca.

Analfabeta com currículo de melhor mãe do mundo,

Porque me deste tudo, 

Sem nunca pensar em ti. 


Gritamos o teu nome, mulher, 

Que descalça, de capulana, xiguenheta,

 Com sacos nas costas,

 Choravas perguntando:

O que darei aos seus filhos? 

Pois nem  leite do peito tinhas mais, 

De tanta fome.


E no meio da guerra,

 Amarraste-me ao colo,

Correndo dum lado pra outro, 

Fugindo os Matlhanga...


Mulher, que nem soube o que era infância,

Pois desde cedo foste à mãe.


Mulher, que não precisou vencer no boxe,

Para reconhecer a sua forca,

Pois por ser moçambicana,

Ela é natural.


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