Wassanti
Sob o céu vasto de Moçambique, num abril radiante,
Ergue-se a mulher com coragem incessante.
Desde tempos ancestrais, em terras de fértil chão,
Ela tece a história com suas mãos de algodão.
Vendedora de verduras,
Acordando pelas madrugadas,
E volta somente às noites,
Sem descanso,
Alimentando-se de pão com Badjia e água.
Essa é a sua rotina mãe,
Tão pouco consegues
Comprar um biscoito pra si, no seu aniversário.
Celebramos a sua vida, guerreira,
Que mesmo com a comida escassa,
Servias-nos primeiro,
E dizias com um sorriso:
"comam, eu estou bem, eu bebo água"
Louvamos a ti, mulher,
Que largaste a escola, para ir à machamba
Em busca de mandioca.
Analfabeta com currículo de melhor mãe do mundo,
Porque me deste tudo,
Sem nunca pensar em ti.
Gritamos o teu nome, mulher,
Que descalça, de capulana, xiguenheta,
Com sacos nas costas,
Choravas perguntando:
O que darei aos seus filhos?
Pois nem leite do peito tinhas mais,
De tanta fome.
E no meio da guerra,
Amarraste-me ao colo,
Correndo dum lado pra outro,
Fugindo os Matlhanga...
Mulher, que nem soube o que era infância,
Pois desde cedo foste à mãe.
Mulher, que não precisou vencer no boxe,
Para reconhecer a sua forca,
Pois por ser moçambicana,
Ela é natural.
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