1° LUGAR – POESIA INTERNACIONAL – VIII Concurso Literário "Cidade de Ouro Branco"

   Ciclo da Estação


Amanda Cristina Silva Pinto
Montijo/Portugal

A vida é um caminho em constante movimento.
Sem aviso, ele para, abre suas portas,
deixa entrar sorrisos, sonhos e promessas,
mas leva embora abraços que mal tiveram tempo de se completar.

Alguns chegam com o brilho da esperança nos olhos,
enquanto outros partem com a alma marcada pelas despedidas.
Há aqueles que seguem sem olhar para trás,
e aqueles que acenam até o último instante,
como se o adeus fosse uma mentira que o coração se recusa a acreditar.

Os trilhos seguem sua jornada imutável,
e o relógio da estação não espera por ninguém.
Entre abraços e despedidas,
trocamos calor e frio,
encontros que aquecem a alma,
despedidas que dilaceram o coração.

O caminho continua, indiferente às histórias que deixa para trás.
O tempo avança implacável, mas a saudade fica,
como um eco silencioso, ecoando nas paredes do coração,
nunca se apagando.

Nós, passageiros de um tempo incerto,
aprendemos a amar com a chegada,
a perder com a partida,
mas, acima de tudo, seguimos,
mesmo quando a dor da despedida nos impede de respirar.

Porque viver é isso:
é se despedir com o peito apertado,
é esperar na plataforma com uma esperança incerta,
e saber que cada "até logo"
pode ser um "adeus",
mas ainda assim, seguimos em frente, embarcando no desconhecido.

A vida é uma estação movimentada,
pessoas chegam com malas carregadas de histórias,
algumas ficam, outras seguem outros caminhos,
mas todas deixam uma marca no percurso.

No silêncio de um adeus,
encontra-se o olá,
em cada despedida,
há sempre uma promessa de reencontro.
Os passos que se distanciam, ao vento, sussurram que, um dia,
as almas perdidas vão se reencontrar,
nos lugares onde o tempo se curva para nos dar nova chance.

A vida se revela assim:
nos reencontros que marcam,
nas despedidas que ficam gravadas para sempre.
A vida é um ciclo, de partir e retornar,
em cada caminho, sempre algo a aprender.
O amor se dissolve na brisa do instante,
mas permanece firme,
enraizado em cada passo dado.

Na dor da saudade, o coração se aquece,
e na esperança, a alma encontra forças que desconhece.
O tempo é breve, mas a lembrança fica,
como um fio invisível que, com o vento, nunca se apaga.

O encontro é breve, mas eterno o sentir,
e na despedida, nasce a vontade de reviver.
Cada despedida é, em si, um novo começo,
pois, no enredo da vida, sempre haverá um endereço
onde, um dia, nos reencontraremos.

E no infinito do tempo e do espaço,
cada passo é um eco,
um sinal de que, mesmo distantes,
nunca deixamos de ser eternos


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