1° lugar – CONTO – PROSA ESTUDANTIL – INTERMEDIÁRIO – E.E. Iracema de Almeida – VII Concurso Literário "Cidade de Ouro Branco"

Café Frio

Geovanna R Sousa
2ª série - Ensino Médio


A manhã chegava num tom frio, com nuvens cinzentas pairando pela cidade e um clima  ameno, digno de uma paisagem de outono. Folhas e flores caídas formavam um tapete na  entrada da residência dos Franzon, onde a mais nova se negava a acordar tão cedo. Os raios de  sol que atravessavam as nuvens, se infiltravam pela abertura de sua janela e iam de encontro ao  seu rosto, cuja tentava detê-los numa falha tentativa de cobrir a cabeça com seus braços finos. 

Enfim, vencida pelo sol, abre os olhos e dá com seu gato adormecido ao seu lado, com  uma expressão serena e confortável. Ela faz cafuné no amigo peludo, e se levanta logo em  seguida, se guiando à cozinha ainda de pijama. 

Da cozinha, ela espia a sala de jantar onde seu irmão mais velho está, lidando com  alguma coisa no computador enquanto beberica sua xícara de café. Seu olhar está fixado  naquela tela, e sua expressão é cansada e triste. Maria o observa calada, preocupada com seu  irmão, mas logo volta a atenção para a cozinha, onde se distrai com as fotos suas com seu irmão  penduradas na geladeira. Mimi, seu gato, aparece na porta da cozinha e passa por Maria,  fazendo manha para a menina preocupada com o irmão. Ela se abaixa para acariciá-lo, e sorri  para ele. Ela sabe o quanto aquela bolinha de pelos faz bem a ela, e o gato mia para ela, como  se a chamasse. 

Seu irmão, da sala que estava, se levanta e se guia até o gato com o olhar preocupado.  Ela sabia que algo estava errado, ele só mia assim para uma pessoa, e seu irmão, Renzo, se  atentou a isso. 

_ Mimi, que foi? Tá com saudades? 

Diz, pegando o animal no colo, como se o abraçasse. 

_ Eu também, estou com muitas saudades. Mas é isso, agora temos que ser fortes e  seguir em frente. 

Dá um suspiro doloroso, e sorri de leve para o gato. Passa direto por Maria ainda com o  bichinho no colo, se guiando até seu pote de ração. 

Maria segue seu irmão com o olhar, e logo segue para a parte de trás da casa para o  jardim que muito ama. Mas agora, as flores que ela tanto amava estão murchas por falta de  cuidados, e as folhas das árvores estão todas no chão, como se a casa estivesse abandonada à  anos. A fonte já não funciona, e uma poça cheia de lodo se encontra no seu lugar. Os pássaros,  que costumavam vir fazer companhia à família de manhã já não aparecem mais, e é difícil ver  as lindas borboletas que voavam alegres pelo lugar, e os vagalumes que apareciam à noitinha  já não brilham tanto. A copa das árvores agora tampam a visão do céu estrelado quando é noite,  e a solidão é constante na casa que antes era tão calorosa e feliz. 

_Miau!

Mimi volta a ficar perto dela, e com um miado baixo vem ao seu encontro. O Franzon  mais velho vem logo atrás, e observa o peludo que insiste em chamar por alguém. Vendo que o  gato continua a encarar um ponto específico, ele supõe que o mesmo busca por ela, é como se  realmente a visse ali, como se ela estivesse realmente ali. O gato se aproxima dele, e, junto a  ele, uma sensação de braços finos o rodeando, como Maria costumava fazer quando acordava  e o encontrava. Seus olhos se enchem de lágrimas ao lembrar da irmã, que por uma doença fatal  teve que o deixar. 

_ Maria, sinto tanto a sua falta. Te amo maninha, aqui ou aí onde você está. Sei que está  bem, mas eu sinto tanto, tanto, tanto a sua falta. Quero te ver novamente, irmã.

Comentários