HORS CONCOURS – CONTO ESTUDANTIL – ESPECIAL OURO BRANCO – FUNDAMENTAL FINAIS – Colégio Batista Mineiro Unid. Ouro Branco – VII Concurso Literário "Cidade de Ouro Branco"



A Lembrança Fatal

Letícia Torres de Paiva Ribeiro
8º ano




Era mais um dia normal em Ouro Branco. Gabriela estava farta de tanta normalidade. Todos os dias acordava cedo, tomava café e ia trabalhar na editora do Jornal O Alto Paraopeba como chefe da coluna de contos.

Mas ela já estava farta! Gabriela adorava seu trabalho, seus amigos e sua cidade, mas os textos que chegavam até ela nunca a cativavam; seus amigos se tornavam cada vez mais desinteressantes; somente sua querida cidade a impedia de desistir, já que avançava cada vez mais, sempre a surpreendendo.

Naquele dia, entretanto, algo diferente aconteceria. E essa diferença estaria no rapaz que entrou em seu escritório com uma proposta de conto. Um rapaz comum, não fosse por seus olhos e seu olhar marcante, olhar que Gabriela reconheceria até em outra vida, que lhe era tão familiar. Isso a instigou, fazendo com que desse uma chance para o que ele tinha a dizer.

Então, o rapaz, que ela descobriu chamar Hugo, apresentou a ela sua mais nova “obra-prima”. Um texto que contava sobre uma lenda urbana há muito esquecida, mas que lhe tirava noites de sono em relação ao desfecho.

Interessada, Gabriela disse que se o conto passasse pela seleção ele receberia um e-mail. Assim eles se despediram e cada um seguiu seu rumo.

Durante a noite, quando Gabriela não conseguiu pegar no sono, lembrou-se de Hugo e resolveu que leria a “obra-prima” do rapaz.

O conto intitulado “A Vingança dos Esquecidos” começava assim:

“O ano era 1913, e em uma cidadezinha chamada Ouro Branco, Milena estava em mais um dia normal, ou ao menos acreditava estar.

Como a boa filha que era, estava a caminho da Igreja Matriz da cidade para fazer sua reza diária. Sentou-se no mesmo lugar, viu as mesmas pessoas, e mais uma vez, encantou-se com as obras do mestre Aleijadinho.

Ao sair da igreja, Milena se deparou com um bilhete que chamou sua atenção. Bilhete esse, que continha seu nome na face, escrito com uma caligrafia que um dia conheceu tão bem.

Vencida pela curiosidade, pegou o retalho de papel e percebeu uma pequena observação escrita abaixo do nome, dizendo: “Milena. Porque você não merece mais o “Mili” que eu cultivei com tanto carinho, mas que agora não se passa de um borrão na sua história”.



Com a cor drenada de seu rosto, ela desesperadamente abre a mensagem, e se depara com a pergunta: “Não acha que está na hora de pagar pelo que fez?”.

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