3° lugar – CONTO – PROSA ESTUDANTIL – FUNDAMENTAL FINAIS – Colégio Arquidiocesano de Ouro Branco – VII Concurso Literário "Cidade de Ouro Branco"
O contrato
Ana Beatriz Antônio da Silva
9° ano
Era noite de sexta-feira em um bairro simples e pobre. Entre soluços, uma jovem mulher de cabelos loiros chorava encolhida. Há pouco havia perdido seu amado marido para sua dita amiga. E como se a loira não valesse nada, assim que teve a oportunidade, o homem a abandonou naquela casa imunda e mofada sem dinheiro algum. Mundo cruel, ela havia feito o impossível por ele e no final foi simplesmente descartada.
Foi então, que após alguns xingamentos, seus olhos se voltaram para a porta da sala, a campainha foi tocada. Suas expectativas então se elevaram consideravelmente com a esperança de seu amor ter voltado com uma boa quantia em dinheiro. Porém, sua felicidade se foi quando visualizou um homem alto de terno, gravata e chapéu, em sua frente. Hesitante, ela perguntou o que ele fazia em sua porta aquelas altas horas da noite. O desconhecido então se apresentou como um simples comerciante que procurava trazer o bem às vozes caladas e injustiçadas do mundo. A jovem até chegou a considerar a proposta, porém se lembrou de que não possuía dinheiro para pagar tal dívida. A mulher estava prestes a fechar a porta quando o homem melhorou sua proposta. Sua vida iria do lixo ao luxo em pouco tempo e tudo sairia apenas por uma pequena coisa em troca. Além disso, o pagamento não precisaria de ser imediato. Tal contrato era tão bom e irreal, ela poderia resolver os problemas sem trabalho algum. O sentimento de dinheiro e carros luxuosos já tocavam sua mente como nunca. Foi então que, sem pensar nas consequências, a jovem, sedenta pelo dinheiro e fama, aceitou. Aquele foi seu maior erro.
Cerca de duas décadas então se passaram, tal foi esse tempo que a jovem já não tão jovem se casou novamente e teve dois filhos. Esta mulher criou uma grande empresa que cada vez mais The trazia riqueza, bens materiais, recompensas, posses, poder e tudo que se podia imaginar. Tais foram as conquistas que a cobiça começou a subir a sua mente. Essa mesma cobiça lhe fez consumir mais e mais, até o ponto que seu amado marido a deixou com medo de um futuro catastrófico. Mas ela não se importou, seus dólares e carros importados eram tudo que valia a pena. Porém, em uma nova noite de sexta-feira com a chuva caindo do lado de fora, sua campainha tocou mais uma vez. A mulher que estava deitada sobre as notas que retirou do cofre se levantou, pisando pesado para atender a porta. Assim teve a visão do mesmo homem de terno de décadas atrás. Tal pessoa era exatamente como antes, não houve mudanças em sua aparência. A mulher, já irritada pela interrupção, estava prestes a fechar a porta quando o homem lhe disse uma frase.
-Estou aqui, pois vim buscar algo que é meu por direito. -Sorriu cínico a fazendo balbuciar com raiva e desdém frases que mascaravam sua tristeza.
Ela não queria ir. A loira tinha dois garotinhos lindos para cuidar, não poderia os abandonar. -É hora de cumprir sua parte do acordo, Maria.
E mesmo implorando, Maria sabia muito bem o que aquilo significava. Sua alma já estava selada desde o início. A tristeza tremenda atingiu seu coração por não poder mudar aquele destino.
Agora, só restava ao comerciante buscar por outra blasfêmia.
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