2° LUGAR – POESIA NACIONAL – VII Concurso Literário "Cidade de Ouro Branco"

De Atomik a Dionísio, o dia do Teatro, RUSXUK

Niaxe Augusto Gujev Sousa
Tibau do Sul/RN


Próximo às festividades

De seu culto sacral, era 25 de Março.

Dionísio impassível e sarcástico,

Murmurava com cinismo,

No horror dramático

D'um cenário teatral nefasto.

Enquanto rumores corriam

Com pernas curtas às ruas de Mariupol:

"—A divindade não era mais saciada pelo encorpado vinho


tinto." Jorravam, em desperdício,

Por cada cômodo do edifício,

Litros e mais litros, embalde,

Do elixir da longevidade.

Nascia o Sol


Longínquo, às colinas gélidas da cidade,


Contrastava a vida

Às liquefeitas aquarelas;

Estilhaçadas, jovialidades mortificadas,

Umas presas à adega,


Outras escorrendo por entre as vielas frias da ocidental fronteira

litoral. Os súditos aos milhares invadiam as metrópoles,


Como tropas cossacas,

Espíritos do Urso decadente,

À liberdade opaca,

De Sul a Norte,


À procura de néctares para tal bestial saciedade:


“— Água-ardente 51, whisky amadeirado “The Reach”, urina de fada Absinto, drink

opioide, destilados com Smirnoff, goró regional dos brabos, que açoite o mais forte.”


Jamais conheceram os eslavos outro elixir divinal,

Tal qual o dos espíritos diabolicamente funestos

Presos dentro da garrafa da Atomik, a vodka sacral.


Atônito e embriagado, o deus estrangeiro exclamou, sendo replicado por seu ditirambo:


"—Longa vida e proteção, à nação não-pátria minha,


Que da não-mais radioativa fruta da árvore proibida colheu conhecimentos e estratégia


encorpados nesta sagrada garrafa de bebida."

Na canivália dos mascarados, balaclavas camufladas,

Era apenas o término do primeiro ato,

Restavam-nos três dos quatro, hoje, 27 de Março.

Sou o Corifeu, que vos narra relatos.

No primeiro mês, à primeira fase,

Onde flautas termobáricas da Morte


Alertavam os ratos, reféns, refugiados e bebês,

Que seus pais e mães, irmã(os), filhos e filhas, à pátria soldados,


Dançavam lado a lado,


Desespero estampado, passado engarrafado, presente-passado, futuro quebrado...

Escutam-se as taças com seus estilhaços recitados, reverberando o pranto das crianças em


desencanto,


Das valetas no chão pelos passos batidos,


Ainda era apenas a primeira fase dos históricos e dionisíacos fatos,


Da memória

Das máscaras modernas,

Que escondiam a facetas

Do mal encarnado,

Do Urso que rugia,

Por mais um gole gelado,

De Ego inflado ou do Elixir da Vida,


ATOMIK...


O sangre da pátria Ucraniana destilada

Em Tempos Líquidos,

Pós-Ares-Rarefeitos,


Do início da Era IA, Pós-Contemporânea,

Escrevi-te, Amor Líquido,

Em 2022

Até

.

.

.

Comentários